quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Conto outro conto


Outro conto meu. Em vez de estudar para a prova eu fico escrevendo, vou longe assim....
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Folhas secas, caídas, estalam a cada passo que dou, o vento ainda não fez o trabalho de varre-las dali. Vou caminhando em silêncio nesse tapete de tons que variam do amarelo para marrom. Olho para baixo, sempre, para não tropeçar. Sigo em frente, agindo como se não tivesse hora nem lugar para estar. Apenas aproveito a caminhada. 
Minha aparência engana, tenho a serenidade estampada no rosto, transmito calmaria apesar de não saber como isso é possível. Por dentro desse molde de porcelana se instaura o caos! Milhares de mini eus falam ao mesmo tempo, algumas vezes um assume um monólogo enquanto os outros, ums de mãos atadas, uns lábios cerrados e mais outros ignorando tudo ou ficando apenas observando a confusão, a gritaria e a agressividade. 
Estou num momento desses, desfrutando a paisagem, inalando ar fresco, escutando o que as folhas secas tem a dizer para mim, aparentemente calma. No entanto, minha cabeça está a mil. Essa caminhada é apenas  um recurso para tentar sair desse redemoinho em que mergulhei. Respiro mais profundamente, fecho os olhos, tentando desviar minha atenção desses pensamentos. 
Chego num córrego, desses bem pequeninos, de água tão transparente que dá até para enxergar o fundo com suas pedrinhas coloridas. Alguns pássaros cantam e voam de galho em galho, derrubando mais algumas folhas no chão. Agachando-me banho as mãos na água gelada, lavo o rosto. Deito no chão, fico a olhar as nuvens.
O conforto que senti,  proporcionado pelo abraço das folhas e pela terra úmida e quente, juntamente com a musicalidade do vento, me embalou. Não sei por quanto tempo dormi. Tempo suficiente para esquecer. Tempo o suficiente para um encontro com a paz interior. Respirei profundamente algumas vezes antes de me levantar e voltar para a cidade.
-Mariana Carpilovsky 


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