quarta-feira, 26 de março de 2014

Conto outro conto



Cinquenta minutos. Cinquenta. Está aqui há menos de uma hora e já quer sair. Música alta, luz no rosto, garfos caindo no chão, pessoas conversando, amigos conversando com ele, tem que decidir o que comer. Já chegou a bebida? Você que pediu isso? Ei, você quer dividir um prato? Ei, tem alguém aí?! Para de autistar e presta atenção no que estou falando! Volta a si mesmo, esgotado. Muitos estímulos, muita gente. Respira fundo. Estou. Sim, vamos dividir! Então, o que você quer? 
O que ele quer? Pensar numa rota de fuga. Como fazer para voltar pra casa? Está no meio de dois amigos, numa mesa no fundo. Tem a banda, a mesa de sinuca e a escada antes da porta. Está sufocado, coração acelerado, vontade de sumir, correr dali, socorro! Que tensão, o pescoço dói muito. Frango xadrez? Cara, quem pede frango xadrez num bar?! Tem isso aqui? Vamos pedir uma pizza. Ok, serve qualquer uma. 
Então, quais são seus planos de fim de semana? Planos? Tem que planejar o fim de semana?! Ai deus! Não sabe o que fazer, estava pensando em ler, ver um filme. Você e seus livros, que coisa mais chata, vem beber com a gente! Mas a gente não está bebendo agora, tem que sair para beber no fim de semana também? É, a gente combina quando chegar mais perto.
Se sair daqui depois de onze horas perde o metrô. Não quer voltar de ônibus no escuro. Taxi? É a solução. Pedir um taxi e voltar tranquilamente para casa, mas e se a companhia de taxi não atender a ligação? E se não tiver taxi? Precisa ir ao banhero! Respira, respira, respira, respira. Lava o rosto, pega o celular e agenda o taxi. Alívio. Pronto para voltar para a mesa do bar? Veremos.

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