Ainda era cedo e ela não via a hora passar. Sentada, olhava para a mandala que fora colocada na parede na semana anterior. Presente. Admirava o emaranhado de linhas e círculos e cores. Uma bagunça. Bebericava seu chá. Estava frio.
Agitada, levantou da cadeira e se pôs a andar de um lado para o outro , queria sair, mas não sabia o porquê. Olhou pela janela os carros passando. Que rua barulhenta. Que ideia abrir um escritório justo aqui!
Era como se uma tempestade estivesse se armando, não lá fora, mas dentro de sua própria cabeça. Eram tantos pensamentos. Uma cortina de nuvens escuras cobria tudo. Visibilidade zero. Queria sumir e talvez agora ela soubesse o porquê.
No entanto, não dá para fugir do que você mesma guarda dentro de si. Fizera de seu corpo um depósito. Guardou tanta coisa que agora inundava. E ficou ali parada, no meio da sala, olhando a mandala, olhando o relógio, transbordando, não vendo a hora passar.